São reconhecidas duas espécies de bisões (gênero Bison), o B. bonasus, que é o bisão europeu e o B. bison, que é o bisão americano. Erroneamente o bisão americano é chamado de búfalo.
O bisão americano era o maior herbívoro nativo da América do Norte.
Características do Bisão
O bisão apresenta um peso corporal entre 360 kg e 900 kg e um tempo médio de vida entre 15 anos e 20 anos. A fêmea estava pronta para a procriação com a idade entre 2 anos e 3 anos, sendo o tempo de gestação de 9 meses e a cria ao nascer pesa entre 11 kg a 18 kg. A estação de monta é de julho a outubro e da parição de abril a junho.
Os bisões eram muito importantes para os índios que habitavam as planícies entre o rio Mississippi e as montanhas Rochosas. Deles obtinham o leite, a carne, o couro e com os ossos fabricavam utensílios domésticos e armas.
Os índios da planície caçavam bisões. A caça indígena não era muito impactante no início, pois usavam armas rústicas, como o arco e flecha. Mais tarde, quando eles conseguiram os rifles dos colonizadores, pela compra ou pelo roubo, a situação mudou muito.
Os bisões viviam desde a região de Alberta no Canadá, até o leste do Texas nos Estados Unidos, estimando que a população máxima possa ter alcançado entre 30 e 75 milhões de animais. Tem alguns historiadores que falam até em 100 milhões, porém este número é exagerado.
O primeiro europeu a descrever um bisão foi Hernando Cortez (1485-1547) em 1521 que o chamou de ‘touro mexicano’.
Inicialmente os colonizadores espanhóis tentaram domesticar os bisões, mas desistiram devido á resistência do animal em ser subjugado. Outro europeu que também registrou a existência do animal foi Alvar Nuñez Cabeza de Vaca (1492-1557) em 1530.
A cidade de Leavenworth no Texas transformou-se num centro de comércio de peles de bisão. Várias empresas que curtiam peles foram instaladas na cidade e algumas se especializaram em produzir correias para máquinas industriais para suprir o mercado, evitando as importaçãoes da Inglaterra. Outras pequenas empresas se dedicavam a moer ossos para transformá-los em adubo.
Existem registros que em 1840 os índios venderam 100.000 peles de bisões para a ‘American Fur Company’. A empresa pagava US$ 3,00 por pele (1870).
Na década de 1870 foi desenvolvida novas técnicas de curtimento de couro e em 1872, cerca de dois milhões de bisões foram abatidos para aproveitar a pele. Apenas a língua era exportada para os bons restaurantes de São Francisco na Califórnia, sendo a carcaça abandonada para ser devorada pelos lobos (coiotes) e outras feras.
Durante a Guerra da Secessão (1861-1865) foram contratados caçadores para abater bisões, cuja carne era servida aos soldados.
Sociólogos afirmam que matança dos bisões pode ter sido usada como um modo de subjugar os índios rebeldes que resistiam à investida dos colonizadores. Dizem que foi uma política proprosital dos governos da época.
O general Philip Henry Sheridan (1831-1888) era um defensor dos caçadores de bisões. Ele afirmou: ‘These men have done more in the last two years, and will do more in the next year, to settle the vexed Indian question, than the entire regular army has done in the last forty years. They are destroying the Indians' commissary. And it is a well known fact that an army losing its base of supplies is placed at a great disadvantage. Send them powder and lead, if you will; but for a lasting peace, let them kill, skin, and sell until the buffaloes are exterminated. Then your prairies can be covered with speckled cattle.’A construção da ferrovia transcontinental (concluída em 1869) estimulou a caça e o abate dos bisões para que sua carne fosse usada na alimentação dos milhares de empregados das empresas que trabalhavam na construção. Também a ferrovia com os seus trilhos, cruzava a região de percurso das manadas, impedindo a sua passagem.
Os caçadores de bisões, segundo alguns autores, foram pessoas marginalizadas que tentaram ganhar a vida num momento de dificuldade econômica causada pela crise ocorrida depois da Guerra da Secessão. Alguns destes caçadores chegavam a abater 250 animais por dia, usando eficientes rifles. Na década de 1880 existiam cerca de 5.000 pessoas que viviam dessa atividade.
Alexander Ross (1783-1856) no seu livro ‘Red River Settlement’ informa que chegaram na região para a caça de bisões, 530 diligências em 1820, 680 em 1825, 820 em 1830, 970 em 1835 e 1.210 em 1840. Cada diligência levava pelo menos 4 caçadores.
No inverno de 1872/1873 mais de 1,5 milhão de peles foram embarcados nos vagões da recém-inaugurada estrada de ferro transcontinental.
Um grande e legendário caçador de bisões foi William Frederick Cody (1846-1917), que ficou conhecido como ‘Buffalo Bill’. Segundo as crônicas, chegou a abater uma média de 5.000 bisões por ano. Depois, quando aposentado da atividade, virou apresentador de espetáculos circenses.
W.T. Homaday no seu livro ‘Our Wildlife Legacy’ estimou que a carne desperdiçada na matança indiscriminada apenas para aproveitar a pele, seria suficiente para alimentar mais de um milhão de pessoas. Ele fundou em 1905 a ‘American Bison Society’, uma entidade para proteger o que restava dos ameaçados animais.
Antes não estavam preocupadas, mas depois de mais de uma década de matança, os índios ficaram assustados, pois já faltavam animais para o seu sustento e começaram os conflitos entre eles e os caçadores. Os índios tiveram que mudar frequentemente de região para encontrar os animais que precisavam.
O famoso ‘Touro Sentado’(1837-1890) cacique dos índios Sioux que entrou na história por ter vencido o general George Custer (1839-1876) em Little Bighorn, afirmou: ‘um vento frio soprará na pradaria quando o último búfalo (bisão) cair... Será o vento mortal para o meu povo.’
O chefe comanche ‘Dez Ursos’(1790-1872) disse: ‘Há dois anos, eu encontrei por acaso esse caminho seguindo um bisão, pois minhas esposas e filhos precisavam ter as suas bocas cheias e os seus corpos aquecidos. Mas os soldados atiraram contra nós e desde esse tempo tem havido um barulho como a de uma tempestade e nós não sabemos mais para onde ir. ’
No período de 1868 a 1881 foram abatidas 31 milhões de cabeças.
Eram necessários 100 esqueletos completos de bisão para completar uma tonelada de ossos que era vendida a US$ 8,00 a tonelada. Foi com base no total de ossos transportado pela ferrovia que foi estimado este volume de abate. Os fazendeiros vendiam as ossadas para serem moídas e queimadas para produzir adubo e fosfato de cálcio. Na estação onde em torno foi fundada em 1869 a cidade de Abilene, era o ponto de embarque dos ossos de bisão.
Em 1884 quase nenhuma manada de bisões era mais observada e sim montões de ossadas à beira dos trilhos da ferrovia que os fazendeiros ajuntavam.
Em 1899 existiam menos de mil cabeças de bisão em todo os Estados Unidos. Nos primeiros anos do século XX os bisões em estado selvagem foram completamente extintos, só restando alguns animais confinados em reservas federais, como a de Yellowstone Park em Wyoming e a de Wichita em Oklahoma. No Canadá foi criado o ‘Wood Buffalo National Park’ para evitar a extinção completa da espécie,
A última manada de bisão europeu foi dizimada na Lituânia em 1942, pelo exército nazista.
(Texto de Leopoldo Costa)
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